Produção científica

Ocupação costeira desordenada diminui a riqueza de espécies nos recifes tropicais

Publicado em 11/08/2016 03h00

Praia do litoral oeste do Ceará (Foto: Google Imagens)Muitas praias brasileiras oferecem aos seus turistas amplas estruturas, a fim de proporcionar conforto e maior contato com a natureza. Se por um lado a ação gera movimentação comercial, por outro pode ser um claro exemplo de como provocar efeitos negativos irreversíveis. Uma pesquisa realizada por cientistas do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará, da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB) observou com detalhes o que a atividade antropogênica é capaz de fazer com a vida presente na costa litorânea.

Os resultados foram publicados na edição 120 da revista científica Marine Environmental Research, em artigo intitulado “Increased anthropogenic pressure decreases species richness in tropical intertidal reefs”. A publicação faz parte do acervo do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e é disponibilizada gratuitamente aos usuários ligados a instituições de ensino e pesquisa brasileiras.

Segundo Adriana Brizon Portugal, responsável pelo artigo científico, “as pesquisas desse setor no Brasil estão crescendo, mas ainda são escassas. O Portal de Periódicos é fundamental nesse processo, pois disponibiliza conteúdo significativo para o desenvolvimento de análises, com acesso a artigos que nos fornecem a base para produção de novos estudos”.

A investigação foi realizada em cinco áreas distribuídas ao longo da costa oeste do Ceará. Os pesquisadores analisaram os recifes (rochas na faixa da orla), a presença de espécies marinhas (algas, corais etc.) e os impactos das atividades humanas. Foram considerados portos, currais de pesca, bares e restaurantes na faixa de praia, área urbanizada, ligações clandestinas de esgoto, dentre outras ações impactantes. Os dados serviram como base para a elaboração do índice de pressão das atividades humanas.

"Nas áreas com maior número de atividades, como Fortaleza, constatou-se um menor número de espécies. Nas áreas com menor número de impactos, como Taíba, a biodiversidade é maior", descreve o biólogo Pedro Bastos de Macedo Carneiro, um dos autores do estudo.

Os resultados destacam a necessidade de um melhor planejamento de infraestruturas e monitoramento rigoroso, uma vez que a grande influência de várias pressões humanas nos recifes tropicais conduz à perda de biodiversidade. A urbanização, a falta de saneamento básico, a instalação de molhes (quebra-mares) e construções irregulares na faixa de praia foram de maior importância e negativos para a vida marinha.

"O litoral do Ceará possui uma vida marinha rica e pouco conhecida. Os resultados indicam os problemas da ocupação costeira desordenada. Além disso, ressaltam a necessidade do planejamento ambiental para conservar as espécies e as atividades econômicas que dependem dela, como a pesca", reflete Marcelo Soares, professor do Labomar e integrante do estudo.

Também participaram do trabalho os cientistas Fabrício Lopes Carvalho e Sergio Rossi.

A publicação Marine Environmental Research pode ser acessada no menu Buscar periódico do Portal.


Com informações da Universidade Federal do Ceará (UFC)